Julho anda a fazer um frio desgraçado. Penso comigo o quanto irónico as coisas podem ser.  Hoje, já pedi umas catorze vezes, que estivesses aqui comigo. Só que eu não te posso mais ligar. Descobri que a última coisa que me resta é escrever-te. E escrever assim, sem compromisso, sem forma de carta, sem a menor pretensão que os teus olhos cheguem a ler alguma frase. Quando escrevo, deixo um pouco do que é tão exposto. Sou ciumenta, possessiva, intensa, dramática. Mas aguenta-te.. aguenta-te. Penso coisas assim dias inteiros, estou a ficar louca com esta história de auto-consolo. Tu tentas-te proteger, eu digo-te que não sei quanto tempo mais aguento e segues confiante porque sabes que já esperei três anos. Num momento de ousadia, até dizia que passei a minha vida toda a esperar-te. Estou a guardar, essa minha facilidade em manter um sentimento por tanto tempo, só a pensar o quanto bonito ele pode ficar. A minha merda é esta. Ser mais sentimento do que razão. Não ter meio termo. Quis guardar-te numa caixinha. Sou intensa e pago o preço disso. Mas não vou negar nada. Ainda se fossem defeitos, mas nem isso. Ou será que ser demais é um defeito? Então que venha o tempo, e que ele passe rápido, como se eu tivesse adormecida e que neste tempo te faça abrir os olhos, já era o suficiente. Enquanto eu fico aqui, aguentando a saudade, a tentar diminuir o buraco que ficou aqui dentro para que eu mesma não acabe por cair nele.

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