Dou por mim a falar o teu nome.. Com alguma indiferença, é claro, e talvez seja isso que me faz pensar em como consigo ser assim, já tão indiferente ao facto de lembrar os momentos do passado. Talvez por ter sido tantos anos com o mesmo sentimento por alguém tão inútil que me chega a ser estranho não estar importada por alguém que chegou a ser tudo para mim. Alguém.. Sim, foste alguém na minha vida. Afinal, não és diferente de ninguém, vieste e partiste como toda a gente faz e sinceramente, não sei como ainda consigo ver-te com os mesmo olhos de à uns anos atrás, não digo que o sentimento seja o mesmo, porque não é, mas como alguém especial que deixa marcas profundas. Também não penses que sinto a tua falta, seria irónico dizer que sinto a tua falta depois de já ter passado tanto tempo desde o momento em que fizeste a minha vida ruir. Só tenho saudades.. Não digo saudáveis, mas uma saudade que me corrói, seja lá por que motivos for. Apesar de saber que não vais encontrar mais ninguém que te amou com a intensidade que eu te amei, sei que também não vou encontrar ninguém como tu, com um nome apaixonante e um olhar irresistível. A vida continua mesmo que queiramos que o tempo pare naquele exacto momento.. Memórias, apenas memórias.

Há dias. Apenas dias. O tempo passa e as coisas parece que continuam no mesmo lugar. As mesmas pessoas, a mesma rotina, os meus locais, os mesmos problemas.. ou talvez um acumular de problemas. A única coisa que muda é o tempo sendo ele responsável muitas vezes pelo meu mau-estar, pela minha angústia ou nostalgia, ou então, pelo meu vazio. Sinto tanto que chego a pensar que nada sinto. Algo quê... Sei lá! A barreira que impôs em mim, é bastante alta... Nem com um simples avanço se consegue ultrapassá-la. Guardei as coisas para mim, na realidade, ninguém se importa, não é mesmo? Cheguei a perder a noção do tempo, de como as coisas correm à nossa volta e quando damos conta, já passou dias, semanas, meses, anos.. Apercebi-me, estando completamente aluada do mundo, que é com certas pessoas que perdemos o nosso tempo, que mesmo assim, há sempre algo que fica, que vai ficar, que nunca vamos conseguir enterrar bem lá no fundo, que por mais pedras que atiremos para bem longe, voltam ao lugar. Escrevo porque posso revelar os meus gritos silenciosos, libertando certos sentimentos, pelo menos durante uns longos minutos. Esta sou eu.. Há algum tempo.

Ultimamente ando a pensar muito e não ando a dizer nada. A verdade, é que pensar demais leva-nos à loucura e o mais estranho de estar assim é que não sinto nada. O pior, é que sentir nada faz com que te sintas transparente, que tudo é tão passageiro que nem faz o tempo correr como devia correr. Mentes confusas, coração a mil.. Não sei descrever o que é sentir-me vazia, afinal.. é tão, vazio!

"O tempo não volta, o que sempre volta é a vontade de voltar no tempo."

Não dá. A verdade é que perdi. Perdi não só metade de mim como uma felicidade imensa que eu tinha, mesmo com todos os "mas" que me invadiam. Deixei quatro anos para trás das costas, como se fosse lixo, o que não é a realidade. Foi tempo demais a lutar, a desejar, a querer, a tentar conquistar algo que me cativou. Hoje, precisamente hoje, já faz tempo em que perdi, de uma vez, todos estes anos.

«(...) O pior de tudo é que lá no fundo eu não quero realmente te esquecer. Mas as vezes tudo que eu queria era te olhar e não sentir nada, isso bastaria, isso me aliviaria.»
Preciso de apagar certas coisas, certos momentos, certos sonhos, certas pessoas da minha vida.
E eu continuo a acreditar que tudo sem ti é distracção e tudo contigo é vida..
Nada mais frustrante do que confessar uma preocupação e ouvir do outro lado que é uma estupidez..

é tão pouco, tão nada..

E então, tudo está no seu lugar e o mundo todo bem. Então eu olho para os lados, à procura de mim nesta multidão feliz, mas não me encontro. Engraçado que sei exatamente onde estou: presa em mim, porque ninguém parece ter forças o suficiente para me segurar dentro desta atmosfera agitada. Dentro de mim já não há nada de bom, e quero fugir deste fora que consigo ver. Quero fugir de mim e dos outros, mas não quero ser encontrada e nem me encontrar, pois desisto de mim e rejeito essa certeza de quem sou, o que sou e onde estou. Entretanto, há um peso em mim. Esse pouco de ti que carrego e não solto por aí. Porque é triste o constante querer do ser humano seguido desse constante não ter: temos tudo, menos a nós e aos outros. Então, esse tudo é tão pouco, tão nada. E sentindo-me um nada, olho para o vazio e pergunto-me:
- Porquê tudo isto? O que está errado nesta vida que dizem ser tão certa?
Não me respondo. Ignoro esta confusão que sou, e fico com os pés na areia, pois a euforia das ondas não impede que eu vá ao fundo. E céus, preciso desta superfície. Porque no fundo, sei que não há mais salvação.

Surpreende-me

.. e faz-me uma surpresa, a melhor de todas e tu sabes qual é.
Come back, back to me.. i need you now!